quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Amor

Uma das coisas mais importantes que aprendi com a Mãe é que o nosso tempo é agora, não temos maneira de controlar. Por causa desta máxima sempre houve em nossa casa o cultivo do mimo, para ela imprescindível ao nosso crescimento saudável. E é mesmo. Nunca se sabe o que a vida traz no próximo minuto e por isso vale a pena cuidar dos nossos e não deixar nada por dizer. Uma das palavras que cedo se aprende lá em casa é a palavra AMOR. Nunca houve taboos acerca do amor e o amor sempre foi para nós palpável, materializado em mimo e traduzido em palavras e juras de amor. Todos os dias. O mimo da Mãe habituou-me a ouvir a frase "amo-te muito" todos os dias e nunca perdeu o significado. Talvez por isso nunca me tenha assustado o amor e a entrega. Talvez por isso seja destemida no amor e salto do precipício. Sempre. Lucky me.
Chegada à adolescência lembro-me que costumava meter-me com ela e dizia-lhe: "Mãe, diz já que me amas!". E apesar da minha "arrogância", típica da idade, ela respondia-me sempre.
O último dia que conversei com ela, já ía embora e gritei pelo ombro: "Mãe, diz já que gostas muito de mim!", ao jeito da teenager que eu tanto queria voltar a ser, denunciando a minha desmesurada vontade de voltar com o tempo atrás.
"Que disparate!", disse-me ela, "Claro que não gosto muito... claro que amo, não é??!!".
Sorri e fui embora.

Sem comentários:

Enviar um comentário